Unidade, luta e resistência: Essas três categorias se complementam e são essenciais nas frentes de lutas e espaços sócio ocupacionais do serviço social que ainda carrega estruturalmente o individualismo positivista como modus vivendis e condição sine qua non para manutenção do status quo.
É importante pensar na unidade do Serviço Social e na responsabilidade de cada profissional. Não tem como falar em unidade sem falar das autarquias representativas que é o conjunto CFESS/CRESS. Não tem como falar em unidade sem falar de mobilidade e mobilização. E combater o individualismo presente em todas as camadas sociais no Brasil como fruto da construção da cultura de alienação imposta pela classe dominante e defendida pelos excluídos como algo naturalizado, normalizado e legitimado em função da não compreensão e apreensão da consciência de classe como instrumento político de emancipação.
Em grupos, redes sociais e na academia existem várias reclamações de profissionais de Serviço Social e estudante no Brasil, de que não há unidade no Serviço Social. Não há união: Cada um por si e Deus para todos. É difícil formar um grupo de luta sem que em pouco dias ou horas já não haja um conflito, e consequentemente um desistindo em detrimento do outro. O posicionamento em favor da democracia é muito frágil, por vezes, a democracia é condenada e condenável. A falta de compreensão da categoria democracia é muito profunda. A uma escolha premente pelo autoritarismo, e o desejo mortal pelo poder político em todas as frentes a qualquer custo. Movimento social é coletivo, mas se aprendeu desde o nascimento a ser competitivo, a tomar o lugar do outro e apagar sua existência. A sociedade foi construída sobre alicerces neoliberais, e o posicionamento democrático inexiste.
Na luta pela nossa profissão, não podemos deixar de refletir sobre a unidade.
Não temos representatividade, ou seja, um colega não se posiciona a favor do outro, não representa o outro. Isso é um posicionamento de falta de unidade.
A questão da representatividade começa no colega, nas Autarquias Federativas que estão limitadas por normas e resoluções, principalmente pela burocracia e isso vai chegar no/a Assistente Social.
Quando o direito de um profissional é violado em algum lugar, todos os Conselhos Regionais precisariam se posicionar a respeito.
Isso gera representatividade.
Isso gera uma resposta de união perante a categoria. Mas os Conselhos só se posicionam quando o Assistente Social tem alguma importância ou relevância. Ou ainda quando somente um se posiciona. Os outros ficam calados.
Na construção da unidade, se o direito de um/a Assistente Social foi violado, que haja uma manifestação pública, por todos os Conselhos Regionais, mesmos os mais distantes, mesmo que pertençam a outro Estado. Uma nota pública, um posicionamento em favor do direito da pessoa que teve o seu direito violado, ainda que seja um posicionamento um pouco mais velado até que se conheça, se busque informações para conhecer a totalidade da demanda porque existem de fato casos onde o direito do/a Assistente Social foi violado, mas também existem casos onde quem violou o Código de Ética foi o/a Assistente Social.
Mas quando o direito do/a Assistente Social foi violado, todos o conjunto CFESS/CRESS precisa se manifestar. Quando o CRESS, não importa de que Estado seja, deixa de se posicionar a respeito de um profissional de Serviço Social de outro Estado, ele perdeu a oportunidade de criar a unidade, de criar a representatividade.
Muitos casos onde os profissionais que foram exonerados de forma arbitrária, por Prefeitos, que sofreram sanções, que tiveram que pagar multa, que foram presos... E o CFESS e o CRESS não se posicionam.
Precisamos entender essa perspectiva. Até que ponto vamos trabalhar aceitando isso. A unidade é quando um representa o outro. Mexeu com um, mexeu com todos!
Se você não faz nada pela unidade, você não tem direito nenhum de reclamar da falta de unidade. A não ser que você mude.
Precisamos compartilhar, publicar, posicionar, repudiar, escrever Artigos... fazer alguma coisa. Para que a unidade aconteça, cada um precisa compor o todo e lutar pelo todo, se posicionar pelo todo.
Toda vez que vemos uma notícia do Serviço Social, toda vez que vemos uma publicação do Serviço Social, um vídeo, precisamos compartilhar, pois ao contrário, estamos perdendo a oportunidade de criar a representatividade, falhando enquanto unidade. E não há como lutar se não houver unidade. Não há como ter resistência se não houver a unidade.
A unidade é o primeiro elemento da luta e da resistência.
Não temos um Piso Salarial exatamente porque a unidade está nos faltando.
Para que possamos evoluir, para que possamos crescer enquanto categoria profissional, nós precisamos romper com essa falta de unidade. Precisamos representar nossos colegas. Buscar conhecer o que aconteceu com esse colega, em que circunstâncias aconteceu, parar de acusar, oprimir, tentar entender a realidade e nos posicionarmos.
A representatividade é o princípio, é o início da unidade.
Não temos unidade porque sempre que temos a oportunidade da representatividade, vamos para a individualidade e não para a coletividade.
Para gerar unidade, todos nós Assistentes Sociais podemos ser promotores de unidade no Brasil. É só começar a publicar Artigos em defesa do Serviço Social, a compartilhar informações em defesa do Serviço Social. Toda vez que virmos um colega com direito violado, precisamos nos posicionar, repudiar, cobrar do CRESS, que todos os CRESS do Brasil se posicionem em defesa, de forma nacional, não importa de que Estado. Fazer o nosso posicionamento. A omissão é muito grande. Só assim criamos representatividade no Serviço Social. É assim que alguém, no futuro, vai pensar duas vezes antes de mexer com a/o Assistente Social, antes de tentar humilhar, escravizar o/a Assistente Social.
Temos N Prefeituras, no Brasil, que por falta de posicionamento, obrigam os profissionais do Serviço Social a trabalhar 40 horas semanais. Temos o tal do credenciamento que está acontecendo agora, que é pior do que o Contrato. São direitos sociais. Precisamos lutar nesse sentido para acabar com isso. As Classes também precisam se unir para haver a representatividade. Somos trabalhadores tal qual qualquer outro trabalhador.
Mexeu com um, mexeu com todos: Essa é a ideia no Serviço Social para que possamos ter unidade, para poder lutar e continuar na resistência depois da luta. Ninguém consegue lutar sozinho. Ninguém consegue construir coletivamente direitos sociais coletivos individualmente. Isso é uma contradição. Construir direitos coletivos de forma individualizada não vai funcionar.